A misteriosa cidade dos Incas, com sua beleza natural, charme, cultura, história e um clima de misticismo podem ser considerados alguns dos atributos de Machu Picchu, Peru.
Machu Picchu, que em língua quéchua significa “montanha velha”, fica sobre uma montanha de granito e abriga impressionantes construções erguidas com pesados blocos de rocha, cercado de enigmas a respeito desde sua criação. O local foi declarado pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade.
Porém, prepare o fôlego e energia para aproveitar todo esse clima zen. Devido à altitude, é necessário algum cuidado e preparo – roupas apropriadas, ingerir muita água e, principalmente, adaptar a respiração para enfrentar o ar rarefeito.
Onde fica Machu Picchu
A cidade de Machu Picchu está localizada no Peru, a 74 Km de Cusco e a 2.350 metros acima do nível do mar. É o destino mais procurado do país e, até mesmo, da América Andina. O Peru fica na parte central e ocidental da América do Sul, fazendo fronteira com o Equador, Colômbia, Brasil, Bolívia, Chile e Oceano Pacífico. A Cordilheira do Andes atravessa o país de Norte ao Sul, dividindo a região Oeste da Leste.
Viagem para Machu Picchu
Pela proximidade entre os países – Brasil/ Peru – há diversas maneiras para chegar a Machu Picchu, inclusive de carro. Se a opção, for avião não há voo direto para Cusco (aeroporto mais próximo a Machu Picchu). Todos os voos, fazem escala em Lima. Porém, se possível, até é uma boa pedida fazer uma paradinha na capital do Peru, há boas opções de passeio e, principalmente, gastronômicas.
Se partir do Rio de Janeiro a duração é de 5h30 min e Porto Alegre são 5 horas, ambos são pela Avianca. Já se sair de São Paulo são 5 horas e de Foz do Iguaçu a duração é de 4h25 min, ambos são pela Latam. Após chegar à Lima é preciso mais uma hora de voo para chegar em Cusco. Esse trecho é realizado com companhias aéreas peruanas.
Importante: o aeroporto de Cusco, cercado por montanhas, é um dos mais desafiadores e ingratos para os pilotos da aviação comercial e, não raro, pode fechar devido ao mau tempo.
O terceiro trecho para se chegar a Machu Picchu pode ser feito de trem – Cusco até Machu Picchu Pueblo – e assim, chegar à cidade dos Incas. Encontramos trens luxuosos (Hiram Bingham) até aos que atendem aos mochileiros, os valores variam de acordo com a categoria escolhida. A viagem dura entre duas e três horas, dependendo do local de partida.
Quem sai de Ollantaytambo economiza uma hora de viagem e ainda conhece importantes ruínas arqueológicas e vistas incríveis do Vale Sagrado. Uma vez em Machu Picchu Pueblo, o turista pode fazer uma longa caminhada até a entrada do sítio ou pegar um dos ônibus que sobem até o local.
Porém, o jeito clássico para alcançar Machu Picchu é a pé pela Trilha Inca. Esse meio exige preparo físico, tênis e roupas confortáveis para aproveitar o passeio. É o ideal para muitos registros fotográficos e vivenciar, de fato, tudo que Machu Picchu proporciona.
A caminhada mais comum leva quatro dias de duração e cruza montanhas como Warmiwañusqa e Runkuraqay, a 4.200 e 3.860 metros sobre o nível do mar, respectivamente.
Durante esse passeio pela Trilha Inca, é possível conhecer Piskacucho, um pequeno povoado localizado no km 82 da ferrovia Cusco-Machu Picchu. A partir daí, a caminhada de 45km começa:
- 1.º dia (7 horas): Piskacucho-Llulluchapampa;
- 2.º dia (8 horas): Llulluchapampa-Chaquicocha;
- 3.º dia (7 horas): Chaquicocha-Wiñaywayna;
- 4º (1h30min): Wiñaywaya – Intipunku.
Dicas úteis para ir a Machu Picchu
Um dos maiores desafios que enfrentamos nesses percursos é a altitude. O que significa temperaturas mais baixas, principalmente à noite, e ar rarefeito, que poderá provocar dores de cabeça, insônia, falta de apetite, dificuldades na digestão e muita fadiga.
Por isso, para evitar transtornos, é recomendável evitar grandes esforços durante os 2 primeiros dias em Cusco; ingerir muita água e evitar comidas pesadas, gordurosas e muito temperadas. Um cuidado especial ao consumir bebida alcoólica, em locais elevados, parecem ter efeito dobrado em relação ao nível do mar; além de dificultar o metabolismo e aclimatação.
Em relação ao dinheiro, a moeda local é o Nuevo Sol (S/.) e hoje em dia a cotação em relação ao Real, ainda que haja variações, fica muito próximo do 1 para 1. Mas o custo de vida no Peru é bem inferior ao do Brasil. Então é possível, boas compras – especialmente no artesanato, joias de prata e produtos típicos.
Quanto a voltagem elétrica do Peru é 220V. Alguns hotéis e hospedagens também contam com 110V, mas a maioria deles fornecem adaptadores aos hóspedes. Há também uma diferença de fuso horário em relação ao horário de Brasília, por lá são 2 horas a menos.
Quanto ao visto, brasileiros que forem a turismo para o Peru, não é preciso visto. Desde 2019, o governo peruano passou a exigir o passaporte com validade mínima de 6 meses para entrada e saída do país. Por fim, a Embaixada do Brasil recomenda que a validade esteja dentro de 8 meses.
Importante: ao entrar no país, é exigida apresentação do Certificado Internacional de Vacinação ou profilaxia contra a febre amarela. Aconselha-se a vacinação com o mínimo de 10 dias antes da viagem.
História de Machu Picchu
Sem dúvidas, Machu Picchu ao lado de Cusco, são os dois mais importantes centros urbanos da antiga civilização inca. “Inca” (filho do Sol) era o nome que se dava ao soberano que reinava sobre o povo quéchua – na região da América do Sul onde hoje se encontram países como o Peru, o Equador, a Bolívia e o Chile.
O último chefe político inca foi Tupac Amaru, morto em 1572, era conhecido como Tahuantinsuyu, isto é, “o mundo dos quatro cantos”. Essa denominação estava ligada sobretudo ao fato de o império dividir-se em quatro partes principais. Cusco (que significa “umbigo do mundo”) ficava no centro dessas quatro regiões e era considerado a capital da civilização inca.
Machu Picchu, que significa “velha montanha”, foi construído por volta do século XV pelo líder inca Pachacuti. A montanha na qual sua estrutura foi erguida fica próxima a Cusco; portanto, perto do centro do império.
Em Machu Picchu foram construídas pirâmides em degraus, templos, calendários solares e diversas outras construções em pedra e adobe. Além disso, era comum a domesticação de animais, como a alpaca e a lhama, que estavam na base da economia do povo quéchua, já que deles era extraído a lã e serviam para transporte de carga e alimento.
Por muito tempo Machu Picchu foi considerada a “cidade perdida dos incas”. Sabia-se que sua montanha estava no circuito do chamado “Caminho Inca”, isto é, um caminho de túneis perfurados em rochas que ligava todo o império inca por quilômetros.
A cidade perdida
A descoberta e divulgação de Machu Picchu só ocorreu em 1911, com a expedição do arqueólogo e professor norte-americano Hiram Bingham, à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu.
Depois desta expedição, Bingham voltou ao lugar em 1912, 1914 e 1915, diversos exploradores levantaram mapas e exploraram detalhadamente o local e os arredores. Com suas escavações reuniram 555 vasos, aproximadamente 220 objetos de bronze, cobre, prata e de pedra, entre outros materiais.
A cerâmica e as peças de metal mostram expressões da arte inca em seus braceletes, brincos, prendedores decorados, utensílios, facas e machados. Toda a expedição está registrada em uma edição especial da revista National Geographic Society publicada em 1913, contendo 186 páginas, com centenas de fotografias.
Machu Picchu é formada por duas grandes áreas: a agrícola com terraços e locais para armazenar os alimentos; e a urbana, na qual se destaca a zona sagrada com templos, praças e mausoléus reais.Tudo feito conforme a orientação do Deus do Sol.
Apenas 30% da cidade é de construção original, o restante foi reconstruído. As áreas reconstruídas são facilmente reconhecidas, pelo encaixe entre as pedras. A construção original é formada por pedras maiores, e com encaixes com pouco espaço entre as rochas.
Pontos Turísticos de Machu Picchu: Principais Atrações
Em meio a tantos mistérios sobre a cidade inca perdida, nós ficamos sem saber o que fazer em Machu Picchu e o que ver em Machu Picchu. Afinal, são séculos de história, ruínas, energia boa e uma natureza espetacular. Vamos conhecer os principais?
Porta do Sol
Porta do Sol, em quéchua, “Inti Punku”. Esta estrutura arquitetônica da época Inca está localizada na parte mais alta da Montanha de Machu Picchu. Era como uma porta de controle para a entrada e saída do local, ou controle militar. Por sua localização estratégica, acredita-se que em Machu Picchu só entravam pessoas convidadas e selecionadas na elite do império.
Setor nobre da cidade
O setor nobre da cidade é uma construção importante que dá acesso à zona principal da cidadela onde estão as residências dos governantes. É um grande espaço de vida que serviu de refúgio para o soberano.
Curiosidade: ao invés de portas para suas casas, utilizam corda ou cortina de lã para indicar o acesso proibido ou quando não havia ninguém na casa. Este limite de acesso é visto em residências de nobres, templos, casas das escolhidas (acllawasis).
Praça Sagrada
Era como um centro político, social do setor urbano. Está rodeada pelo Templo Principal, o Templo das Três Janelas, o Intihuatana, a Casa do Sacerdote e o Templo da Lua. Com muitos terraços destinados para receber espectadores em todas as celebrações e festas.
A Praça Sagrada era o conjunto arquitetônico onde praticavam as diferentes doutrinas da cultura inca, tais como: astronomia, astrologia, topografia, geologia, matemática, física e outras disciplinas científicas.
Templo das Três Janelas
Está localizado no lado oriental da Praça Sagrada. Segundo a história foi criado para proteger a civilização Inca dos conquistadores espanhóis. É um edifício magnífico, pelos grandes blocos de pedra utilizados em sua construção, os quais foram polidos e encaixados perfeitamente um ao outro.
O templo possui uma pedra talhada com gravuras que representam os três níveis que a civilização Inca dividia o mundo andino: o céu ou espiritual (Hanan-Pacha), a superfície terrestre ou o mundano (Kay-Pacha) e o subsolo ou a vida interior (Ukju-Pacha).
Templo do Sol
Situado no setor urbano e acessado através de um enorme portão construído com uma porta dupla para garantir proteção. A civilização Inca acreditava que estar mais próximo ao sol permitiria um estudo mais aprimorado da astronomia e a realização de melhores rituais religiosos.
Abaixo do templo existem cavernas chamadas de Tumbas Reais. Na parte central, está a “Torreón”, um tipo de torre de vigia, cujo segmento plano contém o chamado Portão da Cobra.
Intihuatana
Está localizado na parte mais alta do setor urbano de Machu Picchu. Seu nome em quéchua significa “onde se amarra o sol” e este era precisamente seu objetivo. Com os rituais religiosos dos Incas se evitava o desaparecimento do sol e se garantia seu retorno.
Contudo é possível perceber a posição do sol em seus solstícios, com informações para a agricultura com respeito ao tempo em que se deveria plantar e colher. Dentro da cosmologia andina o clima poderia ser bom se realizavam os devidos cultos aos deuses com sacrifícios de animais e humanos. Caso contrário, seriam castigados com secas e dilúvios.
Templo do Condor
Fica dentro do setor urbano da cidadela. Esta pedra foi delicadamente talhada para criar o busto do condor, um dos animais sagrados para os Incas, ali eram realizados cultos e rituais sagrados.
O condor era uma representação divina de produção e fertilidade, que segundo relatos Incas, ao mover suas asas, formaria grupos de nuvens para provocar a chuva, permitindo assim a fertilização das terras.
Na parte subterrânea do templo se localizam os calabouços de Machu Picchu. Essas masmorras foram designadas para aprisionar os inimigos junto com animais selvagens, como um método de tortura.
Fontes Rituais
Está entre os dois edifícios importantes da cidade: as edificações do Templo do Sol e do Palácio Real. É assim que se conhece a este conjunto de tanques de reserva de água, formado por 16 fontes, as quais possuíam um alto significado espiritual e apresentam um fino trabalho de artesanato e alvenaria.
Ponte Inca
Está localizada a oeste da cidade Inca de Machu Picchu em um caminho estreito que nos conduz à cidadela. Ao lado direito, fica junto a uma montanha de granito e pelo direito se encontra um abismo. Está construída sobre uma base de pedra.
O caminho é muito lindo em meio à vegetação e há uma trilha inca definida e restaurada. Podemos disfrutar da paisagem, da flora e fauna típicas do lugar, ao som das aves.
O Palácio da Princesa ou Palácio da “Ñusta”
Machu Picchu foi considerado como um lugar sagrado para a civilização Inca e, segundo os historiadores, esse palácio foi moradia as princesas virgens do império Inca (princesas do Sol ou Ñustas). Muitas delas foram destinadas para o Inca (imperador).
O acesso ao Palácio da Ñusta se dá por um pequeno pórtico localizado na planta alta do palácio, que o conduzirá diretamente a uma antecâmara que se comunica com a torre do Templo do Sol. Nas escavações realizadas neste lugar se descobriu que a maioria de restos humanos encontrados pertencia a mulheres.
Tumbas Reais
São as construções funerárias, alinhadas com a torre do Templo do Sol. Devido ao trabalho nos diferentes tamanhos que se encontram por toda a câmara foi batizada de Tumba Real de Machu Picchu, pois guardava o corpo do representante de mais alto cargo da nobreza, o rei.
Setor Urbano e Agrícola
O centro urbano se dividiu em dois setores denominados Hanan (o setor alto) e Hurin (o setor baixo) baseando-se na classe social inca dos residentes de citado setor. Ambos subsetores urbanos foram divididos em dois eixos divisórios: um eixo principal, formado por uma praça ampla e um eixo formado por uma avenida principal com fontes que proviam água ao complexo.
A cidade necessitou fundar um conjunto de complexos agrícolas para a alimentação da população, como o Setor Agrícola ao sul, com numerosos campos de cultivo e com uma extensão suficiente para abastecer a crescente população. Tinham uma técnica de transporte de produtos por mais de oito caminhos que facilitava a comunicação entre as diferentes regiões.
Três Cruzes
A 45 Km se encontra Três Cruzes ou chamado também Balcão do Oriente é um lindo amanhecer. Esse espetáculo natural acontece todas as manhãs, a partir das 4h30. O céu está tingido de vermelho, laranja e suas nuances. Todos os solstícios de inverno (final de junho), em Tres Cruces de Oro, o chamado ‘Raio Branco’ acontece, uma ilusão de ótica que simula três sóis à distância.
Eventos anuais de Machu Picchu
Quanto aos eventos anuais em Machu Picchu/ Cusco, a maior parte tem relação com a religiosidade e são belíssimas festas para ver, aproveitar. As principais são: Inti Raymi é uma antiga celebração religiosa Inca, como todos sabemos, os Incas rendiam culto a seu Deus: O Deus Inti ou Sol. Na época dos Incas durava 15 dias, atualmente é uma das manifestações culturais e tradicionais mais atrativas e marca o início do Ano Novo Andino: O Inti Raymi. Acontece em 24 de junho.
Outra festividade bastante comemorada e cheia de tradições é a peregrinação do Señor de Qoullur Rit’i. O ritual está associado com a fertilidade da terra e com a adoração aos Apus (Montanhas, Deuses tutelares), forma parte de uma das festas das maiores nações indígenas de América. A cerimônia principal se realiza ao pé da nevada e colorida , o ritual consiste numa peregrinação de pastores, comerciantes e curiosos que se reúnem no Santuário de Sinakara. Se realiza entre os meses de maio de junho.
Tempo Clima em Machu Picchu
A melhor época para conhecer Machu Picchu é de abril a novembro. A alta temporada, julho e agosto, é muito cheio. Entre novembro e março pancadas de chuva seguidas de deslizamentos de encostas podem ocorrer e estragar o passeio.
Devemos considerar as elevadas altitudes que predominam no centro do Peru. No inverno os dias são ensolarados e as noites frias, podendo chegar a -5º, principalmente nas Trilha Inca Clássica e Trilha Inca de Salcantay. O clima nesta época do ano é muito seco e o céu extremamente azul.
No verão os dias são ensolarados e podem ocorrer chuvas. Por este motivo, a vegetação fica exuberante, mas deslizamentos nas trilhas são comuns. Porém, não se engane, por causa da altitude, a temperatura pode cair bastante à noite mesmo no verão.
Conclusão
Conhecer o Peru, Cusco e, principalmente, Machu Picchu é um desses passeios que merecem um certo preparo – não só em relação a altitude, clima e sim espiritual, conhecimento. É importante pesquisar a história da cidade Inca, antes mesmo de estar lá; assim, é possível vivenciar uma experiência mais rica e deixar fluir todos os sentidos.
Viajar para Machu Picchu não é uma viagem tradicional, para somente consumir, é como um resgate ao passado de umas civilizações mais impressionante de todos os tempos. Para muitos, é um ponto de partida para um reencontro consigo mesmo.
Escrito por: Raquel Penteado
Fontes: Machu Picchu Brasil, Wikipédia, Embaixada Brasileira, Site oficial – Peru, Cusco, Machu Picchu.